Quarenta
anos depois da independência de Cabo Verde, muitas questões sobre a luta armada, a guerrilha e o assassinato de Amílcar Cabral continuam a ser um tabu.
Ao
que tudo indica os fundadores, militares, combatentes do PAIGC/CV optaram por
um pacto de silêncio que vigora até à actualidade, mesmo após o desaparecimento
físico de muitos deles. O certo é que, aqueles que continuam vivos até à data, nada ou pouco acrescentaram à história.
Aristides
Pereira, até ao seu falecimento, nunca entrou em detalhes quando questionado
sobre as guerrilhas, as traições e das negociações de libertação com os
portugueses.
Em
todas as entrevistas que o Comandante Pedro Pires concedeu até à presente data,
raramente entra em detalhes, apenas deixa no ar algumas insinuações e revela
que há "coisas muito feias" que aconteceram por fraqueza de alguns
combatentes/militares/militantes do partido que, se forem ditas mudaria tudo
aquilo que sabemos e construímos sobre aqueles que estiveram envolvidos neste
processo. O que se sabe é que houve traições, casamentos, separações e muitas
mortes incluindo a do líder Amílcar Cabral. Coisas ditas normais de uma guerra. Ao que tudo indica, o mais importante combatente da liberdade da pátria, não pretende revelar aquilo que parece estar predestinado a nunca ser revelado. Agora, pergunto-me que coisas feias serão estas?
Historiadores,
jornalistas, investigadores, bloguistas de todo o mundo interessados na
matéria, sentem as dificuldades existentes para escrever/reportar factos e acontecimentos omitidos durante a luta de libertação. O próprio José Vicente Lopes, reporta as dificuldades
encontradas e os anos que esteve a recolher depoimentos e documentos para compilar o seu
livro "Cabo Verde - Os Bastidores da Independência", uma das obras
mais completas em termos de informações sobre a construção do estado
Cabo-verdiano. Ainda assim, muitos segredos murmurados estão por revelar.
O povo cabo-verdiano merece conhecer a sua verdadeira história e a história de Cabo Verde merece ser bem contada.
Comentários
Enviar um comentário