Txeru di sovako [para muitos txeru babosa] - Vlademiro Duarte


Até ontem, o meu relacionamento com o metropolitano de Lisboa até estava correndo bem, e têm sido maravilhoso à excepção dos dias de greve. O primeiro sinal de ter começado mal o meu dia, foi ao descer para a plataforma e ouvi ao longe o sinal sonoro da porta do metro fechando, [apesar de estar consciente que nunca conseguiria entrar naquele metro], estranhamente e instintivamente a minha primeira reacção/acção foi "dar um sprint" [quem sabe o apanho! Sem sucesso nenhum!] imitando o Francis«co» Obikuelu [conceituado atleta recordista português].

Luz tépida, ar rarefeito com um cheiro leve a alfazema, era notável que o sistema de ar condicionado não funcionava [aliás raramente funciona]. As pessoas atropelavam-se umas às outras dentro da carruagem à busca de um lugar para sentar. Por fim, aninhei-me no meio da multidão e segurei com o braço direito no suporte superior da carruagem do metro. À minha frente outro indivíduo fizera o mesmo, curiosamente ficamos de frente um para o outro que até dava para sentir a sua ofegante respiração.

Esta tinha sido uma semana mais quente que o normal, e quando assim é, uma coisa é certa, o nosso corpo começa a transpirar num ritmo bastante acelerado e muitas vezes em excesso, de modo a libertar as toxinas e regular a temperatura do corpo. Não conseguimos prevenir o suor do sovaco [Axilas], diminuir sim! Até aqui tudo bem, porque o suor é comum, o problema é quando é excessivo e acompanhado do famoso cheiro conhecido entre nós como: “txeru di sovako” para muitos “txeru di babosa” [Aloe Vera] e por cá "Cheiro de catinga".

Apenas quem já teve ou sofre do problema sabe os constrangimentos e o desconforto que causa no dia-a-dia. Raios, só falta uma paragem, é já daqui a dois minutos! É só aguentar…Força! Não! Não pago o passe [olhe que custa!] para ter que levar com o cheiro dos outros [nem se for da famosa Chanel!] Lutava sem sucesso contra o forte odor que o seu corpo emanava, esventrando os meus sensíveis e poderosos canais respiratórios à força toda. Alguns minutos depois, chegava à estação onde iria sair. Atordoado e completamente anestesiado, quase a cambalear, saí porta fora numa velocidade fulgurante, nem o atleta português Francis«co» conseguiria apanhar-me.

Fora da estação, já recuperado, apreciava ofegantemente a fresca e agradável brisa matinal que vinha da rua mais multicultural de Lisboa [Av. Almirante Reis]. Não censuro e não é meu hábito censurar as pessoas [só porque o indivíduo era de origem africana, não o faria mesmo que fosse de outra nacionalidade] por motivo que seja, mesmo apesar de existirem alguns iluminados que associam erradamente esta situação como típica dos africanos. Naquele momento, só Deus sabe [e que me perdoe] o que veio nos meus pensamentos e os vernáculos que proferi interiormente que nem me atrevo a descrever aqui. De repente pensei comigo mesmo – Como pode um simples e barato desodorizante/antitranspirante ter um poder tão grandioso de minimizar, reduzir e muitas vezes até eliminar o desagradável odor.
 
Da situação a minha mente apenas guardou a curiosidade e a dúvida (já que nunca desprezo as minhas curiosidades e dúvidas). Bastou umas horas de pesquisa para obter uma resposta, das várias que encontrei esta surpreendeu-me completamente, não apenas por ser-me muito familiar, mas por desconhecer tais propriedades. Não podia deixar de partilhar convosco – A “[Pedra Alum]” conhecida em Cabo Verde por “pedra um” e utilizada para combater “aftas” [úlcera bocal]. O gosto delas nunca me esqueci!


Trata-se de um desodorizante mineral natural e 100% seguro (indicado para todo o tipo de peles, até as mais sensíveis), capaz de neutralizar completamente os odores (eliminando as bactérias causadoras), capaz de uma protecção de 24h! É me familiar porque outrora o meu pai utilizava-o, como cicatrizante e after shave.

Agora percebo e entendo porque andava sempre com muitas daquelas pedras em casa. Por mais que a utilizava, nunca acabava e nunca soube onde as adquiria [Por cá de certeza podes encontrá-las nas drogarias mais antigas].

Use e abuse da Pedra Alum e fique longe do txeru di sovaco ou txeru de babosa, cheiro de catinga como a quiser designar.

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