Casar ou viver juntos? Ficar solteiro (a)? Eis a Questão! II


Para alem da, ainda maioria, que escolhe casar e os que preferem viver juntos ou em união de facto, ainda temos (a)os solteiro(a)s, que também tem aumentado exponencialmente. Em Portugal e de certa forma por todo mundo, (a)os solteiro(a)s têm vindo a se tornar uma tendência.




Segundo a socióloga da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP), Isabel Dias, está tendência têm tido um pendor ascendente por "uma multiplicidade de factores". Primeiro,  "Os jovens retardam cada vez mais a constituição de família, essencialmente devido ao prolongamento de estudos e porque, consequentemente, não estão ainda inseridos no mercado de trabalho", explica a professora da FLUP, depois a partir dos 30 anos, muitos jovens "ainda prosseguem os estudos", nomeadamente ao nível de pós-graduações. Os outros, os que já estão inseridos no mercado de trabalho, enfrentam outro problema: a precariedade das relações laborais. "Se a trajectória é marcada pela rotatividade de emprego os projectos de vida a dois acabam por ficar em 'stand-by'".

Depois dos 35 anos começa "um outro patamar da vida adulta". "Os solteiros são-no ou por opção ou porque perderam algumas oportunidades de encetar uma conjugalidade, seja pela trajectória da vida seja porque a aposta numa carreira colidiu com a opção conjugal. Chega-se a uma altura em que já não há retorno. No caso das mulheres, há até as limitações biológicas ao nível da reprodução", continua a socióloga. 

Isabel Dias sublinha ainda que os que escolhem "fazer vida a solo" são sobretudo "aqueles com habilitações literárias mais elevadas". "Ao longo da história, ser solteiro era uma condição quase antinatural. Só os deficientes e as pessoas com poucos recursos é que podiam ser solteiros. Com a modernidade, este fenómeno está mais associado aos movimentos de individualização da sociedade - o indivíduo procura em si mesmo alguma realização, concebe-se como autónomo e auto-suficiente".

Porém "ser solteiro não significa não ter conjugalidade", "Já vai longe o tempo em que o casamento era visto como uma forma de ter alguém ao lado e de poder ter uma vida sexual activa. Hoje, para as pessoas terem uma relação que pode até ser duradoura não precisam de ser casadas", afirma a socióloga.

 É "muito mais penalizante" para as mulheres fazerem vida a solo, devido às "representações sociais que se fazem delas, muito associadas à sua condição de reprodutoras". "É precisamente por isso que elas se esforçam mais para casar", esclarece a professora da FLUP. Os números confirmam: há muito mais homens solteiros.

"Muitas solteiras, mesmo as que já estão mais ou menos convencidas de que não vão casar, continuam a sonhar com o príncipe encantado", diz a socióloga. "Já no que diz respeito à forma de encarar a vida, a socióloga entende que "os solteiros pensam muito mais na gestão do quotidiano". "De uma forma geral, não pensam muito a longo prazo. O futuro pode ser qualquer coisa, na medida em que eles são donos do próprio destino."

Para terminar, fica mais uma questão "o amor deixou de ser para sempre?".

Fonte: Daqui

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