Cabo Verde - 40 anos de silêncio




Parte do grupo de combatentes Cabo-verdianos treinados em Cuba.
Sentados: Albino Ferreira Fortes, Sotero Fortes, Manuel Gomes, Manuel dos Santos (Nai), Manecas Santos e Olivio Pires.
2ª fila: Alcides Évora, Júlio de Carvalho, Joaquim Pedro Silva, Maria Ilídia Évora, Pedro Pires, Silvino da Luz, António Leite e Fernando Santos.
3ª fila: José Corsino, Honório Chantre, Nicolau Pio, Valdemiro Almeida, Agnelo Dantas, Estalislau Ramos, Amâncio Lopes e Jaime Mota.
Fonte: Lopes, 1996.


Quarenta anos depois da independência de Cabo Verde, muitas questões sobre a luta armada, a guerrilha e o assassinato de Amílcar Cabral continuam a ser um tabu.

Ao que tudo indica os fundadores, militares, combatentes do PAIGC/CV optaram por um pacto de silêncio que vigora até à actualidade, mesmo após o desaparecimento físico de muitos deles. O certo é que, aqueles que continuam vivos até à data, nada ou pouco acrescentaram à história.

Aristides Pereira, até ao seu falecimento, nunca entrou em detalhes quando questionado sobre as guerrilhas, as traições e das negociações de libertação com os portugueses.

Em todas as entrevistas que o Comandante Pedro Pires concedeu até à presente data, raramente entra em detalhes, apenas deixa no ar algumas insinuações e revela que há "coisas muito feias" que aconteceram por fraqueza de alguns combatentes/militares/militantes do partido que, se forem ditas mudaria tudo aquilo que sabemos e construímos sobre aqueles que estiveram envolvidos neste processo. O que se sabe é que houve traições, casamentos, separações e muitas mortes incluindo a do líder Amílcar Cabral. Coisas ditas normais de uma guerra. Ao que tudo indica, o mais importante combatente da liberdade da pátria, não pretende revelar aquilo que parece estar predestinado a nunca ser revelado. Agora, pergunto-me que coisas feias serão estas?

Historiadores, jornalistas, investigadores, bloguistas de todo o mundo interessados na matéria, sentem as dificuldades existentes para escrever/reportar factos e acontecimentos omitidos durante a luta de libertação. O próprio José Vicente Lopes, reporta as dificuldades encontradas e os anos que esteve a recolher depoimentos e documentos para compilar o seu livro "Cabo Verde - Os Bastidores da Independência", uma das obras mais completas em termos de informações sobre a construção do estado Cabo-verdiano. Ainda assim, muitos segredos murmurados estão por revelar.

O povo cabo-verdiano merece conhecer a sua verdadeira história e a história de Cabo Verde merece ser bem contada.

Comentários