Purli purlá!

Viva kel bol, viva!

Viva kel Vim, viva!

...manzinha dze aoje e que quel dia se bo fca rapoza ali bo ca ta entra!

Purr’li purr’la quarta classe ca brincadera!

 

Tabuada escolar

Data inesquecível, Julho de 1995, cantava incansávelmente juntamente com os meus colegas, após o veredicto no exame final da 4ª classe, extinta com a Reforma de 1994/95.

Entre “A chuva amiga" e "O cabritinho Obediente", acabei por escolher “Maravilhas do Mar”, do Manual Escolar para a 4ª Classe “Alegria de Ler”. Um texto delicioso e fascinante que sabia de cor e salteado, com ela garanti a minha passagem de ano, porque não queria ficar “rapoza” e ir para casa de cabeça baixa. No dia do exame final o maior medo era encarar os professores, por isso, era imperativo estudar a tabuada e um texto à escolha para leitura final e ter tudo na ponta da língua, porque, caso contrário, era certa a reprovação. Deus defende!

Com um veredicto positivo, era hora de preparar para logo a seguir integrar o grupo de alunos que iria dar vivas de porta em porta a troco de uma fatia de bolo, um copo de sumo, uma pipoca, batatinhas e torresminhas. O ponto de partida era em frente à Escola Nova, a comitiva era liderada pelos mais velhos da turma que não deixavam escapar uma única casa. Éramos privilegiados neste dia. A festa continuava no Cine-Asa com a cerimónia de imposição das fitas e entrega dos diplomas.

Livro da 1ª Classe - Começo a Ler

CABO VERDE. Ministério da Educação e Cultura, 1985.

Antigamente a escola ensinava a ler, a escrever, a contar e ensinava a obedecer, hoje é menos autoritária, mais exigente do que a antiga, ensina e prepara para decorar matérias e despejá-la para o papel em 50 minutos e depois esquecer.

Quem teve a felicidade e a sorte de fazer os exames da 4ª classe e cantar Viva kel bol, durante a escola primária, tradição que morreu e nunca mais se ouviu cantar, raramente sentirá dificuldades em falar em público, de argumentar e expressar uma ideia mais complicada, negociar e criar coisas, interpretar um poema ou escrever um artigo qualquer.